Almasa - Escavadores de Artefatos

Passando pelas entradas das guildas agitadas e ao fim dos corredores, chegavam enfim na guilda dos Escavadores. Ali, o silêncio imperava e todas as pessoas pareciam bem concentradas. Amara virou para sua colega.

- Katsura. - Ela começou a falar baixo, mas mesmo assim sua voz ecoava um pouco no lugar. - Aqui é a Guilda dos Escavadores de Artefatos. Certamente devemos conseguir descobrir algo sobre os olhos aqui. Mas, tem que falar baixo, ta?

A loira pousou o dedo indicador sobre os lábios e seguiu procurando um atendente, seguindo até um homem de pincê-nes, ele possuía certa idade avançada, mas parou ao observar a aproximação da dupla.

H- Em que posso ajudar?

A- Ah, estávamos querendo informações acerca de uma coisa... Como era mesmo?

Ela indagou enquanto olhava para Katsura.

Katsura olhava para o homem e depois para Amara, parecia que ela queria que explicasse tudo.

- Oh, eu estou procurando o Sucessor do Olhos Verdadeiros! Meu mestre disse que ele iria resolver todos meus problemas.

O atendente pareceu ficar surpresa com a menção dos olhos verdadeiros, e até mesmo chegou a rir calmamente.

H- No caso você deve estar procurando pela pessoa que se comunica com os deuses, certo? Nesse caso você deveria tentar conseguir falar com a Kahina. Ela é a sumo-sacerdotisa, então... Acredito que seja lógico que seja com ela. - O atendente coçou o queixou e mexeu numa gaveta. - Mas, se estiver interessada em saber mais, acredito que dá para tentar achar as menções mais novas... Por exemplo, a primeira Kahina, devemos conseguir achar algo sobre isso...

Katsura se desanimou e falou sem medir palavras:

- Então você não sabe? Tudo bem, vamos atrás da Kahina!

Ela praticamente tinha ouvido só metade do que aquele homem tinha realmente dito, e voltava a olhar para sua amiga Amara, esperando sua opinião.

Amara ficou em choque com as palavras da sua colega, mas sorriu calmamente.

- Katsura, não acho que a Kahina vai falar conosco... - Todavia, ela levou a mão ao queixo, fazendo uma expressão pensativa. - Mas, de vez em quando ela está andando no âmbito, então talvez... Dê para inquirir ela diretamente...

Ela sabia que seria difícil fazer Katsura mudar de ideia sem ter alguma outra opção viável, mas ao mesmo tempo Amara estava receosa acerca disso. Mas, o que estava pensando, era um pouco perigoso de falar em público...

- Obrigada senhor.

Com um pequeno aceno com a cabeça, Amara seguiu puxando-a para que seguissem.

-> Salão de Entrada

Katsura apenas seguia Amara enquanto pensava no melhor jeito de conversar com a Kahina, ela tinha estudado para isso ao menos.

Katsura foi praticamente arrastada pela amiga, que ao chegar ali, precisou parar um pouco para respirar.

- A-Admito que estou com um pouco de medo. Nunca sai de Haya antes! Mas... - Ela voltou-se para a amiga, entusiasmada. - Eu nunca me senti tão animada antes! Vamos procurar sobre eles, vamos!

Katsura sorri e diz confiante:

- Não se preocupe Amara, eu tenho certeza de que tudo vai dar certo no final!

Katsura voltava a falar com o mesmo atendente que antes.

- Ah, obrigado pela informação de antes! Conseguimos descobrir sobre o Sucessor graças a sua ajuda, mas por acaso você também tem informações sobre Gilgamesh?

O senhor soergueu as sobrancelhas quando a garota mencionou sobre ter conseguido as informações, mas pigarreou ao notar que as mesmas estavam vestidas como sacerdotisas.

- Ce-Certo... Não temos muito sobre ele, afinal de contas é uma lenda. Mas, se quiserem...

Ele então passava a sessão onde poderia encontrar sobre Gilgamesh. Agora era só ir até o local e descobrir tudo que podiam.

Katsura vai até a sessão e chama Amara para seguir ela.

- Humm... aqui está! O que acha?

Seguindo Katsura, Amara olhou para o livro e o abriu, tirando um pouco o pó acumulado.

- Eu tenho um pouco de familiaridade com o conto do Gilgamesh, apesar que seria mais o nome em si e que ele foi o último imperador antes do primeiro Malik...

Dando de ombros, a loira abriu o livro e começou a ler em voz alta para que sua companheira escutasse.

"Gilgamesh, um mortal que chegava a se comparar com os deuses. Desde criança sua sabedoria e senso de justiça foram aplaudidos, e por isso, ao crescer, tornou-se orgulhoso e seu império sofreu com isso. Os humanos sofriam com os caprichos do imperador, que deitava-se com as noivas na noite de núpcias antes dos seus noivos; que não aceitava que sua voz fosse questionada, por mais que pudesse ser justo nos méritos da plebe; anos foram sob esse reinado tirânico, e logo os mortais rogaram a ajuda dos deuses.
Respondendo ao chamado, Asgorath, rei dos dragões e o único meio-deus que se conhece, seguiu em direção da cidade humana, e ofereceu para o imperador um dos seus dragões, Enkidu, e em troca foi oferecido uma humana, Shamat.
Não demorou para que Enkidu, como dragão branco, duelasse contra Gilgamesh quando o mesmo tentou deitar-se com outra noiva. O resultado da batalha, foi que ambos se tornaram grandes amigos e o imperador se tornou justo novamente.
Todavia, os deuses não apreciavam que um mortal pudesse ser tão perfeito, e por isso lhe tiraram seu melhor amigo durante uma doença o qual Gilgamesh foi forçado a assisti-lo perecer. Durante o luto do imperador, os demônios atacaram as bordas do império humano, ganhando espaço até que restou tão apenas o reino de Niman.
Agora o povo se ergueu mais uma vez, elegendo Firas Malik como seu rei. Quando confrontado pelo povo, o imperador saiu de seu luto e rumou em direção das areias do deserto até ser perdido de vista."

A garota respirou fundo depois de terminar de ler e olhou para a sua amiga, aguardando uma resposta.

Katsura parou e pensou por um instante, era uma história interessante que contava a história de um Humano quase que perfeito, mas que abandonou seu povo e se perdeu pelo deserto.

- Humm... então ele fugiu? Ou talvez partiu para resolver tudo sozinho...?

Katsura sorriu e olhou para Amara.

- De qualquer forma, se ele realmente não tiver fugido então iremos o encontrar um dia. Afinal, se era tão perfeito assim... então assumir que ele morreu é desrespeitar a história dele.

Uma lógica completamente distorcida, mas para ela fazia todo o sentido. Alguém que era adamante em seus ideais nunca pereceria para algo como a morte, ele viveria pelos tempos para cumprir sua missão.

- Tudo bem, vamos nessa. Temos que encontrar esse Rei dos Dragões.

Amara acenou positivamente com a cabeça, mas olhou para cima.

- Bem... Precisamos conseguir status para poder falar com ele... Mas, talvez se formos até até o reino dos dragões, podemos encontrar alguma coisa que nos auxilie com isso, certo?

A loira tornou a olhar para sua amiga, tendo um sorriso doce em seus lábios.