"Visão Geral"

Sentava no chão ao lado da janela, de pernas cruzadas, cabelos desarrumados e com a cara de quem recém havia acordado. Observava a cidade, enquanto esperava Leendert voltar da sua ida à taverna.
Murmurava um tom qualquer, tentando ignorar o tédio. Também gostava de ficar imaginando a vida das pessoas que via caminhando nas ruas.

Abri a porta, entrei e fechei. Sabia que não poderia pegá-la de surpresa, então, apenas falei:

— Querida, cheguei! — olhei pelo apartamento e, pela parede que se da para a sacada ser quase toda de vidro, pude vê-la lá, sentada. Fui até ela e então, sentei ao seu lado — Acabou de acordar?

Parou de encostar-se na parede e encostou-se nele. Abraçou ele de leve, enfiando a cara na roupa. Largou um "sim" bem baixinho, sem fazer esforço pra falar. 

Soltou-o após uns 5 segundos, limpando os olhos.
- Como foi? - questionou, enquanto ajeitava os cabelos e suas roupas.

Retribui o seu abraço, afagando sua cabeça.

— Foi um pouco estranho, tinha o líder do clã Sardior lá. Mas, enfim... — não era hora de contar o que havia acontecido, pois tinha alguém a espera de nós no pântano — Consegui um trabalho, preciso ajudar um do meu clã que se perdeu no pântano. Vai querer vir junto? — perguntei. Não sabia se ela iria realmente querer ir, até por que, havia acabado de acordar e seria no pântano, um lugar nada agradável.

Encarou ele, piscando lentamente, durante alguns segundos. Analisava a situação: seu temperamento, o clima, o lugar que eles teriam que ir, o que iria fazer enquanto ele completava a missão, e se tiver alguma comida muito boa lá? E se alguém der em cima dele? E se ele cair no pântano e ninguém rir da cara dele? E se ela precisasse de alguém pra buscar comida porque ela estava com preguiça? E se-

- Eu vou. - Se levantou, e saiu correndo, subindo as escadas para o quarto. - Cinco minutos pra eu arrumar minhas coisas. - E começou a trocar de roupa.

Levantei com ela, com um sorriso e então fui até a mesa e peguei a bandagem, enrolando no meus punhos antes de por a luva com espinhos. Claro que eu já estava com o anel, aquele eu nunca tirava, vinha a calhar em qualquer situação inesperada. Por fim, peguei as poções e botei dentro de meu bolso.

Fiquei esperando Yue na porta, com ela já aberta.

Enfiou coisas aleatórias nos bolsos, logo mais descendo as escadas, ainda correndo. Descia de dois em dois degraus, quase caindo.

- Vamos! - E saiu pela porta, indo na frente dele. - Me conta lá ou no caminho sobre o que teremos que fazer?

— Quando chegarmos lá, resumimos com o outro que também pegou esta missão — falei, descendo junto com ela, mas, diferente dela, sem pressa, indo de degrau em degrau.